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Prevenir, Agir, Refletir

A conclusão próxima da legislatura permite fazer balanço das eventuais transformações no panorama da inclusão: A presença de pessoas com deficiência em cargos de relevância, certas promessas, anunciavam novidades que concretizassem a efectiva aplicação da Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência. Sendo manifesto que a lei 38/2004 era, à semelhança das pretéritas, «letra morta», o discurso da mudança, amplamente espalhado, gerou expectativas, logo dissipadas pela continuidade do acolhimento de propostas do anterior governo, o mais claro inimigo da inclusão.

Ainda assim, as ilusões resistiram, porque organizações e dirigentes, deslumbrados, não interpretavam os agoireiros presságios.

É justo  aplaudir alguma mudança positiva, mas o balanço não é  satisfatório: A  obstinação  na repetição de  opções conservadoras, salientando a supressão do direito ao diálogo/participação (inegociável);  as oscilações na educação inclusiva; as inquietantes disfunções no sector saúde; certos tiques prepotentes no controlo das organizações; a sobrevalorização das organizações prestadoras de serviços;  a tolerância à corrupção;  a  indefinição da tutela das políticas inclusivas;  o acentuado desprezo pelas organizações intervenientes nas zonas deprimidas, protagonizado pelos órgãos desconcentrados; foram elucidando, foram desfazendo ilusões.

O governo desvalorizou o 40º aniversário do INR; terá tomado consciência das contradições/insuficiências desse órgão?  A indefinição instrumental da tutela das políticas inclusivas, cuja execução deveria  desenvolver-se ao mais alto nível da pirâmide do Estado, paralisa a necessária mudança, bloqueada por burocracia, burocratas, minguados, muitas vezes, de conhecimento.

Houve algumas inovações, mas não resultaram de opções governamentais.

Outra vez, abundaram promessas, discursos, mas faltou concretizar a inclusão.

Sejam destruídas ilusões falaciosas! à margem das organizações genuínas representativas das pessoas com deficiência, persistirá o fracasso rotundo da inclusão!  Tal é a profunda convicção de numerosas organizações internacionais idóneas, tal é a experiência histórica.

São apavorantes os sinais trágicos de retrocesso social, solidário, humanista; as pessoas com deficiência estarão atentas aos tremendos perigos? Interpretarão os horrendos presságios? Toleram: o negócio da saúde; os obscenos lucros: da indústria farmacêutica; da «medicina do negócio»; recusam abolir as patentes, promovem a desigualdade no acesso às vacinas, a outros medicamentos aos países subdesenvolvidos, aos países resistentes à voragem capitalista. Quantos sofrimentos padecerão as pessoas com deficiência nesses territórios de ignominiosa exclusão? 

Haja sabedoria, porque, se não houver activa vigilância, se não assumirmos forte compromisso, se nos deixarmos alienar por esta miserável propaganda, choraremos, depois, porque os verdugos são implacáveis inimigos: dos direitos humanos; da justiça social; da solidariedade; da inclusão…

Cuidar da dignidade da pessoa;  defender os direitos humanos; vigiar a nossa inclusão!… Enquanto é tempo!…

A DDE/APD não se pronuncia sobre ««voto»». Quando optarmos: certificar-nos dos compromissos; recordar «falsas promessas»; condenar, activamente, o desmesurado aumento dos preços, face ao minguado crescimento dos salários,[vide relatório Conselho Económico-Social, (12/01)]; 

repudiar, sem reservas, complacência com este clima de abominável corrupção; renegar discursos hipócritas; reprovar vergonhosas propagandas enganadoras… (verdadeiras subversões da democracia)

{Compromissos, cumprem-se}…

{«É preciso avisar toda a gente, Dar Notícia, informar, prevenir!»}

Ao mensageiro não faltará força para, através da palavra, arma predilecta,  «prevenir»:  Conformar-se, perecer; vigiar, lutar, construir aquela sociedade nova, aquele sonho radioso, a sociedade inclusiva… síntese perfeita da democracia…

 

DDE/APD – O porta voz  

 

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Legislação

Janeiro 2022

Legislação Janeiro


Decreto-Lei n.º 1/2022 de 3 janeiro

Altera o regime de avaliação de incapacidade das pessoas com deficiência;
https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/1-2022-176907537

Portaria n.º 6/2022 de 4 janeiro

Procede à atualização anual das pensões de acidentes de trabalho para o ano de 2022;
https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/6-2022-177088816

Lei n.º 5/2022 de 7 janeiro

Regime de antecipação da idade de pensão de velhice por deficiência;
https://dre.pt/dre/detalhe/lei/5-2022-177309290

Decreto Regulamentar n.º 1/2022 de 10 janeiro

Estabelece os termos e as condições do reconhecimento do estatuto de cuidador informal bem como as medidas de apoio aos cuidadores informais e às pessoas cuidadas.
https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-regulamentar/1-2022-177363476

Decreto Legislativo Regional n.º 3/2022/M de 13 janeiro

Define o regime jurídico da transição para a vida adulta e reabilitação das pessoas com deficiência ou incapacidade na Região Autónoma da Madeira
https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-legislativo-regional/3-2022-177583959

Portaria n.º 38/2022 de 17 janeiro

Cria e regula a medida Compromisso Emprego Sustentável
https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/38-2022-177634370

Declaração n.º 1/2022 de 18 janeiro

Designação de membros para o conselho consultivo do mecanismo nacional de monitorização da implementação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
https://dre.pt/dre/detalhe/declaracao/1-2022-177796598

Portaria n.º 42/2022 de 19 janeiro

Procede à quinta alteração ao regulamento geral do Fundo de Auxílio Europeu às Pessoas Mais Carenciadas e à regulamentação específica do Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas em Portugal
https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/42-2022-177847670

Portaria n.º 48/2022 de 20 janeiro

Cria e regula o Programa Cartões Sociais
https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/48-2022-177875731

Portaria n.º 56/2022 de 27 janeiro

Procede à segunda alteração da Portaria n.º 342/2017, de 9 de novembro, que estabelece os critérios, limites e rácios necessários à execução do Decreto-Lei n.º 129/2017, de 9 de outubro
https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/56-2022-178264014

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Comunicados

Braille – Profeta da Inclusão

Em tempo conturbado – forte retrocesso na inclusão; pouco apreço pela educação;  discriminação da cultura – exaltar Louis Braille (04/01/1809) pela importante obra na abertura do caminho da inclusão das pessoas com deficiência visual reveste amplo significado:  a História, tão abjurada, sepultou «no vaso negro do esquecimento» acontecimentos, personagens, que abriram a larga estrada do humanismo…

Louis Braille, criando a escrita para os cegos, abriu a este grupo um mar de rumos, jamais desbravados… Paladino da inclusão, merece todas as evocações, porque é determinante revelar às novas gerações, as grandes descobertas que lhes querem fazer ignorar, apresentando-lhe «ídolos com pés de barro», utilizados na manipulação, intoxicação, intimidação, tendentes: ao brutal crescimento da desumanização; à planificada degradação civilizacional cujas medonhas consequências são aterradoras…

As utópicas promessas de «mudar o mundo rumo à inclusão» florescentes no último quartel do sc XX foram abaladas, traídas, renegadas, no alvorecer do 3º milénio! O refluxo das forças conservadoras, sedentas de reassumir posições opressivas, obstinadas na exploração, inimigas dos direitos humanos, foi celeradamente ocultado, mediante poderosos instrumentos eficazes, visando iludir, hipnotizar, manipular, prometendo falsos «paraísos perdidos», rapidamente degenerados em insuportável inferno.

A celebração (2003) do Ano Europeu das Pessoas com Deficiência, foi embuste, porque a mesma Europa aderiu às posições excluentes, renegou a Declaração de Madrid; embora tenha, a contra gosto, ratificado a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, tolerou o evidente retrocesso na construção da sociedade inclusiva, apesar da intensificação eivada de hipocrisia do discurso incluente. A recente aprovação da estratégia Europeia para a Deficiência 2021/2030 esclarecerá que rumo pretende a Europa no atribulado percurso inclusivo. Entre nós, maugrado abundante propaganda, o resultado é débil.

Salvo louváveis excepções, tudo se reduz a «verborreia», inconsistente, contraditória, afastada das reais aspirações das pessoas com deficiência – e suas organizações representativas. A transigência, o conformismo, o criticismo estéril, a complacência, génese de favores, benesses, carreirismos, sintoma do deplorável declínio do trabalho voluntário, patente no universo associativo, pressagiam o retardar da real/efectiva inclusão, impossível à margem das ONG’S/PD. Não merecemos: Louis Braille, Branco Rodrigues, outros abnegados paladinos do ideal incluente que dedicaram as suas atribuladas existências à nobilíssima causa: «construir a sociedade inclusiva».

Quando os perigos são gigantescos, sirvam-nos as lições sapientíssimas desses «homens honrados, que, arrostando, tantas vezes, incompreensões/discriminações, resistiram…

A mudança, a novidade humanista, tiveram sempre «mártires»… Quantos martírios terão padecido esses «heróis»?

Enquanto há tempo, força, convicção, acordemos deste funestíssimo torpor que nos atormenta!

A inclusão há-de ser conquista, a vitória humanista fecunda na História, cresce na luta, desfruta-se na consciência do dever cumprido, no aplauso das gerações futuras!…

Por isso, exaltamos Louis Braille, construtor de novos ideais, novo rumo na inclusão das pessoas com deficiência visual…

A mais justa homenagem a Louis Braille, devida pelas pessoas com deficiência visual, é regressar à acção construtiva que faça História, onde Braille conquistou, por direito, mérito de permanecer, junto doutros resistentes, dignos de perpétua memória…

DDE/APD – O porta voz   
DDE/APD – tlf: 268841666; mail degesdira@sapo.pt

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