Nota à Comunicação Social
50 Anos dedicados à Construção da Sociedade Inclusiva
No próximo dia 11 de Maio celebra-se o 50º aniversário da publicação dos primeiros estatutos APD. Censurados pela ditadura, anunciavam «novidade» singular: a APD instituiu-se como «associação universal», congregando todas as deficiências, superando causas/origens, cabiam na nossa representação.
No contexto opressivo debateu-se, reflectiu-se, profetizando o prelúdio de Abril, que libertou o nosso projecto singular, diferencial, afastado de conceitos arcaicos, substituindo caridade, assistencialismo, por direitos, base justa da integração.
A aprovação, 28/04/1971 da futura Lei 6/71, propiciou oportunidade de repensar a existência das pessoas com deficiência, numa sociedade subdesenvolvida, oprimida, arcaica, longe dos novos padrões civilizacionais.
Prelúdio de Abril, as reais potencialidades da APD libertaram-se na conjuntura da revolução.
A divulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a aprovação da «constituição de Abril, inovadora na Europa, abriram o caminho rumo à construção da sociedade inclusiva.
Reivindicativa, combativa, a APD jamais recusou o diálogo. Rejeitou intromissões, (estatuto IPSS), repudiou aliciamentos à rendição, não cedeu a benesses, reclamou negociação, lutou, sem cessar, pelo direito ao diálogo/participação.
««Nada sobre Nós, sem Nós»» é grito altíssono pelos direitos das pessoas com deficiência, tantas vezes vilipendiados.
Aderiu às organizações internacionais progressistas, acolheu os seus princípios, expandiu-se no território, alargando a representatividade, ampliando o real conhecimento dos padecimentos das pessoas com deficiência.
Este modelo desagradou aos diversos governos; sofreu: discriminações, incompreensões, perseguições, algumas vezes.
Resistiu, apresentou imensas propostas, rejeitadas, porque a inclusão plena não se compaginava com as visões doutras organizações submissas, propensas a trocar princípios por favores, a promover compadrios, práticas repudiáveis.
O percurso da APD, pela coerência, revelou o antagonismo discurso/prática na evolução do processo incluente. Houve cismas, prontamente superados.
50 anos volvidos a APD sustenta a singularidade, cumpre projectos. No actual panorama associativo preserva singularidade, diferença, transparência, dialoga, crítica, sem submissões, sempre que a inclusão sofre afrontas, facto excessivamente frequente.
A permanente carência de recursos impediu a realização global dos seus projectos, princípios, estratégias, reduzindo as potencialidades da intervenção, em todo o território.
Comemoramos, sufocados por constrangimentos, o 50º aniversário.
Deploramos a indiferença dos diversos poderes; lamentamos a apatia das pessoas com deficiência, cujas causas radicam na hostilidade à inclusão, subjugadas por inqualificáveis ilusões, hipnotizações, manipulações.
Neste «cabo das tormentas» recordamos, homenageamos «heróis gigantes» que na «prisão sem grades», compelidos pela deficiência, dedicaram: anos, meses, dias, noites, à nobilíssima causa: «inclusão»! Sonharam esse espaço de igualdade, fraternidade, justiça, humanismo…
No nosso frágil batel, derrotaremos tempestades, converteremos adamastores, conduzidos pela bússola da dignidade das pessoas com deficiência…
A APD não abdica dos seus atributos inovadores.
Convoca:
À reconstrução das ONG’S/PD; à retomada da actividade voluntária; à intensa vigilância, nesta conjuntura incertíssima; à difusão incessante da pedagogia dos direitos humanos; à identificação dos requisitos geradores de inclusão, sublinhando a paz…
À consolidação de «alianças fortes» entre organizações aderentes à defesa/promoção de todos os direitos, para todos, em todo o planeta…
«A sociedade inclusiva» território de todas as igualdades, síntese perfeita da democracia total, global, plena…
Lisboa, 10 de Maio de 2022
Pela APD
A Presidente
Gisela Valente